terça-feira, 13 de março de 2012

Duelo de Valores

Olho para o céu arfado de suspiros
E digo, exaurido de culpas aleivosas
 - Que Deus me perdoe, mas hoje eu matei.
Matei? Matei. Matei!
Rompi os pudores da minha criação virtuosa
E braveei, rígido feito fera ferida.
Extirpei as estacas que estavam cravadas em meu peito
Arranquei as lanças cicatrizadas neste cerne despudorado
Dores estancadas lancei-as fora de uma vez por todas.
A muito eu já havia morrido, porém dormente eu não sentia.
Mas hoje recobrei meu sopro e meu alento
E guarneci-me de uma força sobre-humana
Que me ajudou a desbravar meus imortais
Metei-os todos, um a um fui derrotando-os.
E quem há de me julgar culposo ou assassino
Neste celeiro de valores invertidos
Julgo-me herói – sem falsa modéstia –
Um gladiador de glórias dignas
Enfrentei os labirintos mais densos desta terra
E penetrei os oceanos mais profundos
E agora, nesta hora ditosa de descanso
Solto um brado de alívio e vitória
Eu os matei!
Matei dentro de mim tudo que era vazio de amor
E de agora em diante vou ser quem eu devo ser
Vou ser eu de verdade e as minhas circunstâncias

(Wendel Valadares)

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