sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sexta-Feira Santa

Silenciosamente a aurora chegou,
Receosa e humilde veio devagarinho,
Sem querer ser o espetáculo do dia.
O ar é denso, há um clima hostil pairando,
Uma fadiga que já é sabida dos homens.
O dia é todo silêncio, uma tortura aos ouvidos,
Espera-se ouvir um som de conforto qualquer,
Mas este não existe, não nesta hora, não hoje.
Nem os animais atrapalham, emudeceram,
As cigarras e os grilos cessaram seus cantos
E os pássaros não deixaram seus ninhos.
A mãe adverte às suas crias que se aquietem,
Não podem brincar nem ouvir música,
E caminha desorientada pela casa
Com o rosário na mão, em preces.
As tradicionais não varrem a casa,
Não penteiam os cabelos,
Passam o dia a pão, água e orações,
Até os sorrisos estão embaçados.
Às três da tarde o mundo para,
Beija a cruz, reza e chora.
Uma palavra define este dia: tristeza,
Que logo será mais bem explicada: amor!
Rezemos juntos o salmo que diz:
Os que semeiam entre lágrimas
Recolherão com alegria.
É sexta-Feira da Paixão de Nosso Senhor.

(Wendel Valadares)




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