quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

INAUGURAL




Eu inaugurei uma esperança nova em mim, 
pois meu olhar insistia em beber distâncias, 
insistia em contemplar os caminhos longínquos 
e pouco prestava atenção nos detalhes que compõe a minha essência 
e que estão tão próximos a mim.

Minha sede de alcançar o novo, o inusitado,
o diferente, me tapava os olhos e os sentidos 
e tão costumeiramente me causava uma tristeza empobrecida,
 uma lamúria sem proposito.

Passava os olhos sobre a vida e não sabia enxergá-la, 
tocava os dias e não sabia senti-los, 
vagava a desejar alguma coisa que não fosse o que eu já tivesse.

Hoje o meu olhar é novo. 
Pouso os olhos demoradamente sobre tudo que está a minha volta 
e redescubro a cada instante uma maneira mais feliz de viver.

Problemas eu tenho aos montes,
mas a vontade de ser feliz é muito mais forte em mim. 

Felicidade! Inauguro essa palavra a cada instante.

(Wendel Valadares)

ADEUS



Esperava que me pedisse pra ficar, mas quando me dei conta você já havia arrumado as minhas malas. Não queria que tudo acabasse dessa maneira. Esforcei-me ao máximo para corresponder às suas expectativas – que eram tantas – mas não foi o suficiente. 
Talvez a culpa seja minha. Talvez a culpa seja sua. Talvez nós dois sejamos os culpados ou talvez não haja culpados para o nosso fim. Não sei explicar, não sei entender. Sei que acabou. Vamos sofrer um pouco, mas vamos sobreviver. 
De vez em quando uma lembrança bonita vai visitar a nosso memória e o coração vai ficar apertadinho, porque foi intenso tudo o que vivemos. Outras vezes a lembrança não vai ser tão agradável e o coração vai ficar apertado da mesma maneira. Vamos em frente, superando, esquecendo, lembrando, vi(vendo) da melhor forma possível. 
Quem sabe um dia a gente se encontre novamente e juntos daremos risada de tudo o que aconteceu – ou não. Por enquanto, só o que cabe na história é um adeus.

(Wendel Valadares)


PE(R)DIDO





Era domingo, chovia fino. Eles não se falavam, apenas se olhavam.
Ele com olhar piedoso. Ela, com ira nos olhos. 
Um silêncio atravessava o quarto.
Ela colocou algumas roupas na mochila, olhou fixamente pra ele e sem dizer nada saiu do quarto, 
saiu da casa, saiu da vida dele.
Ele ficou no quarto, estático, petrificado, inútil.
Não houveram lágrimas.
Se ele tivesse insistido, ela teria ficado.
Se ele tivesse pedido com as palavras, com os braços, com os olhos, com a alma, ela teria ficado.
Ela queria ficar.
Ele queria que ela ficasse.
Ninguém disse nada.
Que tipo de amor é esse, em que o orgulho fala mais alto.
A gente luta tanto por um amor e abre mão dele na primeira dificuldade. 
O que resta agora é remoer saudades, sina de quem ama. Maldição de quem perde.

(Wendel Valadares)



PRESENTE DO INDICATIVO






O nosso AGORA é só uma distância mais próxima, porque tudo o que nos diz respeito se revestiu de ausência.
Tentamos vestir de amor nossas carências tão egoístas e tudo o que conseguimos foi desfazer o futuro. Ficamos à mercê do acaso, insistindo em segurar com as mãos o que era apenas sopro, apenas sonho. Somos reféns das lembranças porque era tão bonito imaginar o amanhã, mas hoje tudo o que queremos é viver no ontem.
Infelizmente o depois sempre engole o antes. 

(Wendel Valadares)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

PARA A ALMA



Algumas paisagens que eu contemplo
passam a morar dentro de mim,
e não é raro, um sol acorda no meu riso,
flores desabrocham nos meus olhos
e um pássaro (en)canta minha alma.

(Wendel Valadares)


DOR DE IR EMBORA


Barco desancorado.
Porto abandonado.
Mar desabitado.

Meu olhar traduz o peso das partidas.

(Wendel Valadares)


"APERTAMENTO"




Coração miudinho. Têm dias que a gente fica bobo e escuta mais o medo do que a coragem, mais a tristeza do que a alegria, mais a crueza dos dias do que o sonho. E aí a gente vai esquecendo a força, a alegria, a esperança, a vontade. 

Coração miudinho. Têm dias que a gente nem sabe mais o que ama, nem sabe mais que se ama. A gente esquece quem é, esquece que têm nome, esquece que têm importância. 

Coração miudinho. Têm dias que a gente não quer levantar da cama, quer passar direto pro dia seguinte, porque o desânimo acordou primeiro que a gente e foi tomando conta do espaço, da situação, do dia inteiro. 

Coração miudinho. Têm dias que a fé parece estar enfraquecida, a gente nem sabe rezar, porque o aperto parece ser mais forte que a gente.

Coração miudinho. Têm dias que as palavras invadem os silêncios, mas não falam nada com nada, apenas fazem barulho, apenas impedem que a gente absorva o momento, absorva o instante. 

Coração miudinho. Têm dias que o silêncio toma o lugar das palavras e a gente precisa dizer alguma coisa pra se libertar, mas não consegue, não sabe, não tem voz.
Coração miudinho. Têm dias que faz frio aqui dentro e o coração encolhe todo, porque músculo se retrai quando faz frio.

Coração miudinho. Têm dias que a gente tá cercado de gente e se sentindo sozinho, abandonado, invisível.

Coração miudinho. Têm dias que a gente esquece o bem que já fez, o bem que faz e se sente insignificante, se sente inútil, se sente peso desnecessário.

Coração miudinho, esperando qualquer calor, qualquer afago, qualquer palavra que traga fogo, que traga luz, que traga o brilho interior. 

Coração miudinho, cansado de procurar, esperando ser encontrado pelo amor.

(Wendel Valadares)


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

POR OUTRO LADO


O contrário de grande.
O oposto de presença.
O inverso de alegria.

As vezes a gente fica completamente do avesso.

(Wendel Valadares)


DO QUE EXISTE (PRA MIM)


Saudade daquele abraço que ainda não aconteceu.
Daquele abraço que existe antes de nós
e (a)guarda no tempo o momento exato
de fazer a sua mágica...

Saudade daquele abraço
que me acolhe e cura as minhas ausências,
que me melhora, mesmo de longe,
mesmo que os braços ainda não tenham me alcançado.

Saudade daquele abraço que resiste,
que me espera, que me busca.

Saudade daquele (seu) abraço
que me alcança sempre que 
o meu coração precisa de colo. 

(Wendel Valadares)


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

(Eu) Poema

Poema de Wendel Valadares na linda voz de Cáh Morandi...

Obrigado pelo presente e pelo imenso carinho Cáh.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

(EU) VOO


Eu lhe pedi para segurar minha mão.
Você me empurrou no abismo.

Eu aprendi a voar. 

(Wendel Valadares)




terça-feira, 22 de janeiro de 2013

MOMENTO


Hoje minha saudade cabe num silêncio.
Pode parecer pouco, mas é tudo que eu (não) sei dizer.
Qualquer palavra que eu arrisque não me explica.
Hoje eu não caibo nas definições.

(Wendel Valadares)


NÃO FOI DESSA VEZ


Tentei criar uma esperança para amaciar o dia, abrandar a noite e organizar a bagunça emocional desse caos que se instalou em mim, mas foi inútil.
Minhas mãos só sabem escrever SAUDADES, meus olhos só sabem enxergar DISTÂNCIAS. Hoje eu sou todo AUSÊNCIA. Tenho sobrevivido de LEMBRANÇAS.

(Algumas saudades me visitam todas as noites, algumas dores moram no meu peito)

Nossos caminhos nos levaram ao DESENCONTRO. Dessa vez o universo não conspirou a nosso favor.
Acho que podemos concluir: NÃO ERA AMOR. 

(Wendel Valadares)


Entende?


Quando tudo é silêncio, qualquer palavra sua desabotoa a minha alegria mais verdadeira – ainda contida no medo.

Quando tudo é barulho, qualquer olhar seu acalma minhas ondas mais agitadas – que insistem em bagunçar a praia.

Eu me projetei inteiro numa verdade – particular – onde o seu gesto mais simples é a chave que permite acesso ao meu horizonte – intimo. 
Eu já lhe convidei tantas vezes para ver o (meu) mar, mas às vezes acho que você tem medo do mergulho.

Por mais que doa (aqui dentro), fico esperando um ato seu, uma decisão sua. Só peço que não me condene por agir assim, porque eu quero que você me salve, mas não quero ter que pedir. 

(Wendel Valadares)


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


✫E eu que nunca tive vocação para jardineiro, aprendi a cultivar saudades. Algumas florescem todas as noites.✫

(Wendel Valadares)


DOS APRENDIZADOS


Preciso confessar que estou cansado e, talvez eu não queira retomar o fôlego, recobrar as forças e prosseguir nessa caminhada. Estou cansado dessa estrada que não leva a lugar nenhum. 
Talvez seja hora de mudar o caminho, tomar um atalho, deixar alguns pesos que venho carregando a tanto tempo, porque achei que fosse precisar deles em algum momento, mas que até agora não me serviram de nada. 
Talvez seja hora de partir pra outra, mudar o foco, o alvo, o objetivo e, infelizmente ou felizmente, talvez seja hora de mudar de companhia também.

Agradeço esse cansaço que me invadiu, porque me permitiu entender que algumas desistências fazem parte do meu progresso.

Ao meu lado quero gente que me leva pra frente.



Minhas mãos só sabem escrever SAUDADES, meus olhos só sabem enxergar DISTÂNCIAS, hoje eu sou todo AUSÊNCIA.

(Wendel Valadares)




Fadiga


Meia noite.
Meia lua.
Dor inteira.

(Wendel Valadares)





Hoje eu sou casa da saudade. Tudo que eu sinto tem o peso da distância.

(Wendel Valadares)




domingo, 6 de janeiro de 2013


A lembrança do teu riso faz calor na minha saudade. De vez em quando eu ardo, de vez em quando saud(arde). 


(Wendel Valadares)




sábado, 5 de janeiro de 2013


[...] E de repente você poderia chegar, assim sem avisar, assim sem hora marcada.
E de repente você até mandava embora essa solidão que me visita.
E de repente a gente até podia construir uma história bonita.
E de repente, talvez, quem sabe, você nem quisesse mais ir embora...

(Wendel Valadares)




quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

ATEMPORAL



[...] Eu fico me doendo de saudades quando sua chegada demora. Me pego revirando as fotos dos dias perfeitos, relendo meus cadernos recheados de frases de amor, remoendo a angústia dessa hora que não se compadece de mim e corta meu peito segundo após segundo, anunciando que você não está, que sua vinda ainda se adia. Eu me encho de esperança quando sinto que você está vindo. Tudo me diz que você chega logo, os ventos sussurram seus passos, as flores apontam os caminhos que trazem você pros meus braços.
Tudo me conta de você, tudo me apreende, toda canção tem um Querer nosso. Tudo se desdobra a nossa frente, nas beiradas e sem esforço como se a brisa nos trouxesse o perfume pra enfeitar ainda mais os versos, inaugurando dentro de nós tantos jardins, tantas cores, querendo um ao outro se contemplar. E sempre que a gente se guarda -  se aguarda, nesse acesso ilimitado de nos apercebermos nesses detalhes; nos escolhermos, por um bem maior. O Amor fica tão leve, encaixa os passos, inspira Gratidão.
E mesmo que os espinhos e todos os desvios existirão. Mesmo que muitas águas formarão Ilhas em nossos pensamentos, eu te acolho, floreio, como uma forma de me ater pra ouvir melhor o ressoar das letras e os raios de Sol, que sei, são como um riso manso que Deus lança em nossos cílios, enquanto eles fotografam o Amor, enquanto ninguém nos vê.
E eu me desespero quando tenho você, porque o que eu sinto é tão intenso e transborda tanto que tenho medo de te sufocar, de te assustar com o meu exagero que não economiza sentimentos, que não sabe amar em pequenas doses. Não me caibo e impregna em mim aquela palavra que a gente ganha de(morando), um dentro do outro.

(Fernanda Fraga e Wendel Valadares)

** Fernanda Fraga é mineira, poeta, amante da poesia, irmã das palavras e escreve no blog ME FALTA UM PEDAÇO TEU

(http://mefaltaumpedacoteu.blogspot.com.br/)

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

(Eu) Poema


E foi nesse paradoxo que eu nasci - pra mim:
O sol se pondo no horizonte
E eu amanhe(sendo) por dentro.

Uma palavra (nova) inaugurou a minha poesia
Uma verdade (antiga) deu forma ao meu poema

(Wendel Valadares)