quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

PE(R)DIDO





Era domingo, chovia fino. Eles não se falavam, apenas se olhavam.
Ele com olhar piedoso. Ela, com ira nos olhos. 
Um silêncio atravessava o quarto.
Ela colocou algumas roupas na mochila, olhou fixamente pra ele e sem dizer nada saiu do quarto, 
saiu da casa, saiu da vida dele.
Ele ficou no quarto, estático, petrificado, inútil.
Não houveram lágrimas.
Se ele tivesse insistido, ela teria ficado.
Se ele tivesse pedido com as palavras, com os braços, com os olhos, com a alma, ela teria ficado.
Ela queria ficar.
Ele queria que ela ficasse.
Ninguém disse nada.
Que tipo de amor é esse, em que o orgulho fala mais alto.
A gente luta tanto por um amor e abre mão dele na primeira dificuldade. 
O que resta agora é remoer saudades, sina de quem ama. Maldição de quem perde.

(Wendel Valadares)



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