domingo, 6 de outubro de 2013

POEMA DE GENTE SIMPLES

                                       Foto: © Kevin Conor Keller

Quando nasci, um anjo alegre
desses que cantarolam nas nuvens
disse: vai menino, vai escrever poesia,
coisa já esquecida nesses dias mornos.
Oficio de gente culta, graduada,
tentaram domesticar a escrita.
Eu pulei cerca e dancei na chuva,
comi manga verde e tomei leite,
nem de morte eu lembrei.
Dei risada até doer a barriga
e contei causo de assombração só pra fazer medo.
Minha obrigação é de ser feliz.
Escrevo sem fazer uso dos bons termos,
palavras difíceis não cabem na minha boca.
Aceito de bom grado as rejeições,
ser simples não é pra qualquer um.
Tem gente pagando pra ficar cego.
Eu não. Eu vejo até de olhos fechados.

- Wendel Valadares, in: Essência. Pág. 15. Editora Multifoco, 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário