sexta-feira, 28 de julho de 2017

ESPANTO

                                         Imagem: © Luis C Lira


Quando no meio da noite
ouço o barulho de trovões
sinto meu coração
estremecer de saudade.
Estar vivo é mesmo incrível!
Pela direção do vento
minha avó sabia dizer
se a chuva seria forte ou mansa.
Eu a olhava admirado,
achando incrível o poder que ela tinha
de domar o tempo:
- Vou pegar as velas, porque
a chuva de hoje é brava.
Abria a porta e deixava
os cachorros entrarem
para dormir dentro de casa.
Nenhum latido enquanto a gente cantava:
"A treze de maio na cova da Iria
no céu aparece a Virgem Maria".
O som da água batendo
forte sobre o telhado,
trovões partindo o céu ao meio
e todos nós sentados, como filhos obedientes
de um Deus colérico.
Nossa Senhora das Dores
rogai por nós,
mantêm nossa casa de pé.

(Wendel Valadares)